Translate

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

ALFARRÁBIOS DA DOR



Pintura hindu. Deusa Mahakali, associada à crueldade da vida e ao sofrimento

É meia noite!
resta "pútrefa" sobre o leito
a dor que fere o peito.

Lacerado e ulcerado
regurgita o que ao estômago
se achega.

É escorreito o pensamento
que bruto se alquebra
com o leito farto de dor.

Para quê tudo isso?

Sem base e entricheirado
se aquedou em nome da cria
e da luz da pura ilusão.

Restou ao filamento,
ao canto e recanto
que úmido, aos cílios, se acumulou

Fundou rios e mares
quando do peito arrancou
os últimos alfarrábios da dor.

O que fazer neste mundo impreciso
se seus olhos
não verão mais seus sorrisos?

Em homenagem à Mãe de João Hélio, morto no Rio de Janeiro

4 comentários:

  1. Paulo,
    não entendi a escolha da palavra "alfarrábio". E acho que você digitou regurgitar com "o", "regorgitar". A idéia da homenagem foi muito bonita. Pena precisarmos desse tipo de episódio como tema...
    um abraço!

    ResponderExcluir
  2. Paulo,
    desculpe a chatice, mas "pútrefa" é uma palavra nova?
    Outro abraço!

    ResponderExcluir
  3. Tarso, tudo certo?
    Alfarrábio refere-se à livro extenso e, normalmente, enfadonho. É o caso da repetição da violência em nosso país. Regorgitar foi um erro, agradeço a correção.
    Pútrefa eu "criei (quase um neologismo), a partir de putrefação, que denota coisa podre, em decomposição. Pura licença poética - neste caso faltou aspas.
    Dois grandes abraços

    ResponderExcluir
  4. Tarso, para concluir...
    verdadeiramente é uma pena..o poema é a expressão da minha inquietude com a acentuação da violência no país.
    outro abraço

    ResponderExcluir

Seja gigante, comente:..