El Castillo Viejo - Templários - Ponferrada - El Bierzo - Espanha
Paulo Gaudêncio escreveu um excelente livro chamado:
Minhas razões, Tuas razões. Ele trata basicamente de relacionamento homem,
mulher, de casais. Na essência ele expõe o motivo básico da divergência de
opinião e dos problemas de relacionamento no casamento, a necessidade de ter
razão sempre.
Se extrapolarmos este conceito para vida cotidiana, nas
mais diversas formas de relacionamentos diários, poderemos verificar que esta
necessidade de ter razão, sempre, é mais comum do que se possa imaginar.
Isso acontece nas empresas, nos relacionamentos chefe e
subordinado, namorada e namorado, marido e mulher, pai e filho, mãe e filha e
assim sucessivamente. Na essência todos nós temos razões sempre e em todas as
nossas questões. A dificuldade nasce quando nos deparamos com o outro. Este
outro, também dono de suas razões, pode dificultar a aceitação das nossas
razões e nós, que não somos flor que se cheire, também dificultaremos a
aceitação das razões alheias.
É muito comum encontrarmos pessoas que sempre e
sucessivamente necessitam ter razão. Quando isto não acontece, cria-se um
problema muito sério e esta pessoa tenderá, em curto prazo, guardar aquela
informação negativa, até que tenha a possibilidade de confirmá-la ou demonstrar
que tinha razão.
O grande desafio de quem tem esta necessidade é tomar
contato com esta atitude, pois, certamente, são atos inconscientes, tão
arraigados na mente, que muito dificilmente a pessoa reconhecerá a necessidade
de mudança.
A necessidade de ter razão é aliada à necessidade de
controle. Andam de mãos atadas e precisam ser trabalhadas de modo a garantir
uma melhora na qualidade de vida de quem a sente. A necessidade de controle
torna a pessoa escrava de seus hábitos. Nada passa, sem que ele ou ela, de
alguma maneira precise saber, mesmo quando já não lhe diz respeito. Gera um
sofrimento imperceptível que, com o passar dos anos, transforma-se num peso
quase que insuportável e pode transformar a pessoa, na fase mais idosa de sua
vida, mais ranzinza tornando difícil a convivência consigo e com parentes e
amigos mais próximos.
De mãos dadas com a necessidade de ter razão sempre,
encontramos aquele que sente a necessidade profunda de não ter razão nunca.
Isso mesmo, não ter razão nunca. Esse é processo curioso que confirma o ditado
popular: para toda a panela existe uma tampa. Este é o caso e normalmente os
dois se encontram; aquele que necessita ter razão sempre com aquele que não que
não quer ter razão nunca.
É o encontro do algoz com a vítima e ambos se
complementam. Vivem uma vida inteira de relacionamento, nutrindo-se no aspecto
negativo da existência e, ao final dela, muitas vezes, definem indevidamente
este relacionamento como karma.
A vida para ambos os tipos pode se tornar insuportável e
sem nenhuma qualidade, na medida em que toda a potencialidade de um estará
submissa à potencialidade do outro. Neste momento o algoz se transforma em vítima
e vice-versa. Aquele que quer ter razão e aquele que não quer se encontram e
criam um círculo vicioso incontestável que poderá resultar numa existência
infeliz e sem perspectivas. É literalmente um jogo, conforme descreve Eric
Berne.
Aqui há um desafio duplo, porém com o mesmo investimento
de energia. Há uma primeira necessidade: tomar conhecimento do fato das
necessidades, ter ou não ter razão. Esta é, verdadeiramente, a primeira
necessidade. É preciso considerar, como dito no início, todos têm sempre razão,
todos. Abrir mão disto é deixar de querer compreender a existência, é perder a
oportunidade de dar um mergulho profundo na busca do conhecimento pessoal.
Vale investigar as causas da omissão em se posicionar e
também as causas daquele que é zeloso demais em seus posicionamentos. Vale a
pena buscar o ponto de equilíbrio entre estes dois tipos de comportamentos e
encontrar força para, de um lado, calar quando o impulso de ter razão se
aproximar e, por outro lado, falar, quando o impulso de se omitir se fizer
presente.
Deixe fluir a vida,
diante das tuas razões. Liberte-se desta necessidade e perceberá que há muito
aprendizado nas relações humanas quando se permite que sua alma dialogue com a
alma do outro. O encontro com o outro, não importa quem ele seja, pode ser um
encontro fora do tempo convencional, pode ser uma oportunidade de crescimento e
de ampliações de horizontes.Um bom abraço e um tenha uma vida boa.
Paulo Lima
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