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terça-feira, janeiro 23, 2007

TEMPOS MODERNOS E A BANALIDADE DO MAL


Hanna Harendt descreveu em seu livro - Eichmann em Jerusalém - um relato sobre a banalidade do mal - o julgamento, em Jerusalém, de Eichmann e de outros nazistas tidos como criminosos de guerra. Segundo esta filósofa, que foi aluna de Heidegger, aquilo que era para ser o grande momento da história em termos de justiça pós guerra e aprendizado para as gerações futuras, quase tornou-se num grande fiasco. O julgado demonstrou como as estruturas burocráticas podem tornar funcionários mediocres em tiranos cumpridores de ordens que não raciocinam e, a partir dai matam, chacinam centenas de pessoas com a justificativa de que recebiam ordem superiores. Se lançarmos um olhar mais acurado vamos perceber que Hanna continua atual. Tudo o que ela descreve ainda reverbera em nosso momento histórico atual.
A foto ao lado, publicada pelo www.uol.com.br em 23/01/2007, é um reflexo desta situação. A seca em Madagascar continua fazendo suas vítimas em escala agressiva. A mulher que doa seu já carcomido corpo sugere a completa falta de esperança que o minuto seguinte será melhor do que o anterior. É óbvio, poderão dizer alguns, não é necessário ir tão longe. Aqui mesmo no Brasil, nossa terra, em cada esquina, cada farol de trânsito podemos, sem esforço observar esta cena, tão drástica e dramática.
Isto é verdade!
Nossas cidades cresceram de maneira desordenada e esse crescimento atraiu para suas ruas migrantes de todo o país. Pessoas que deixaram suas casas em busca de um presente melhor e, infelizmente, pela enorme quantidade de pessoas que chegam tornou-se impossível a qualquer grande capital criar uma infra-estrutura para absorvê-los.
No caso do Brasil, como as questões sociais estão relegadas a um plano político de perpetuação no poder tanto da oposição como dos governistas, não importando o partido político que esteja governando, a solução deste problema está muito longe de ser resolvido.
Enquanto isso, nós humanos e residentes deste país, optamos por nos acostumar com esta cena lamentável diariamente, com a justificativa de que não há outra alternativa. Criamos um sistema de defesa interna que nos diz que isso é natural e, penso, a fome e a doença são, de verdade, naturais quando não acontecem em nosso próprio corpo.
Ora a violência há algum tempo chegou em nossa classe média. A classe alta da sociedade brasileira também já está sentindo seus reflexos e, parece, ainda não se deu conta disso.
Se fora do nosso país as motivações para a miséria estão baseadas principalmente nas guerras que, eternas e já fazem parte do inconsciente coletivo, continuam mutilando vidas, aqui a perenização do engodo e da politicagem barata, vai sedimentando a inconsciência da população.
A descrença nestes sistemas políticos, a divulgação fanática de crimes através da mídia impressa, televisiva, radiofônica e pela internet têm nos tornado insensíveis às causas mais humanitárias. Não temos utilizado as experiências das guerras no mundo todo para melhorar ou humanizar os sistemas de atendimento à população. Concordando com Arendt, entendo que a banalidade do mal somente sobrevive quando, embutidos em nossos próprios mundos perdemos a visão ou a percepção do que fazer e como fazer para eliminar esse mal.
A psicologia moderna, baseada na física quântica, diz que se a intenção é eliminar algum comportamento incomodante, não o fortaleça. Se queres eliminar o mal, fortaleça o bem. Se queres eliminar o analfabetismo, fortaleça a educação. Se queres acabar com o medo, fortaleça a coragem e, finalmente, se queres acabar com miséria, fortaleça e crie sistemas educacionais e de apoio à população carente que privilegie a prosperidade, o aprendizado perene e o trabalho bem recompensado.
É isto por enquanto! O Que você acha?

Um comentário:

  1. Que o mal que nos assola nunca se torne banal!!! Deus nos ajude.

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